Cogeração a gás natural: próximo passo para o setor cerâmico

Fonte: Revista Aspacer

NEWTON DUARTE presidente executivo da Cogen, Associação da Indústria de Cogeração de Energia

Fundamental em processos industriais que demandem grande quantidade de calor, o gás natural é extremamente estratégico para a indústria cerâmica. A razão é simples: é usado de forma intensiva, constituindo-se no principal insumo depois da matéria-prima; e tem combustão limpa e homogênea, o que faz dele o insumo ideal em sistemas onde a queima tem contato direto com o produto final, elevando a qualidade.

Por isso, não é equivocado afirmar que as distribuidoras de gás natural vêm contribuindo para a evolução do setor cerâmico em São Paulo. Na Região Administrativa de Campinas, a Comgás, por exemplo, abastece o polo de Santa Gertrudes e Rio Claro. No Noroeste Paulista, a Gás Brasiliano fornece para os polos de Porto Ferreira, Igaraçu do Tietê e Barra Bonita. Em cidades como Itu, Salto e Tatuí, a Gás Natural Fenosa conta com clientes que produzem tijolos, telhas e cerâmica de piso.

Na indústria em geral, o gás natural é cada vez mais utilizado para a produção de eletricidade, por meio da chamada cogeração – a produção simultânea, a partir de uma só fonte, de energias elétrica e térmica (vapor e água gelada, por exemplo). Somente em 2017, a cogeração a gás natural chegou a 2.724 MW de capacidade instalada.

Processo mais eficiente de produção de energia, a cogeração permite o aproveitamento de subprodutos energéticos em outras aplicações e é recomendadíssimo para as iniciativas que têm como meta aliar autossuficiência energética, sustentabilidade e qualidade da energia elétrica recebida. Uma de suas vantagens é aumentar a competitividade do negócio em função de uma tarifa diferenciada, que pode ser obtida com a homologação do projeto pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Por essas razões, vemos a cogeração a gás natural como uma grande oportunidade para o setor cerâmico. A Delta, em Rio Claro, por exemplo, apostou nesse processo. Desenvolveu com a Comgás um projeto que utiliza o calor dos gases exaustores das turbinas para o processo de secagem da cerâmica.

Acreditamos que a partir da regulamentação da Geração Compartilhada, por meio das Resoluções 482 e 687 da Aneel, novos projetos com até 5MW de potência tenham maior viabilidade, com rentabilidade para investidores e redução de custos para as indústrias consumidoras de calor e energia elétrica. O setor cerâmico já conhece os benefícios do gás natural. A cogeração é o próximo passo.