Problemas do setor elétrico não devem ser tão graves, ironiza Edvaldo Santana

Executivo disparou contra o Governo e questionou a necessidade de mais estudos para começar as reformas do setor

WAGNER FREIRE, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE SÃO PAULO

O vice-presidente de Estratégia e Novos Negócios da Electra Energy, Edvaldo Santana, questionou a necessidade de mais estudos, por parte do Governo, para começar a implementar as reformas do setor elétrico. Desde 2015, a área de energia discute aperfeiçoamentos no modelo para modernizar as regras e resolver problemas que atrapalham o mercado.

“Na minha opinião, a CP33 (consulta pública promovida pelo Ministério de Minas Energia) não resolveria 30% dos problemas do setor elétrico, mas pelo menos dava um norte. Fiquei assim um pouco preocupado quando fui num evento na terça-feira, 23, sobre a portaria da criação de um grupo de trabalho para cuidar das reformas do setor elétrico, com um prazo de 180 dias e a portaria já dizia que poderia prorrogar por mais 90 dias, ou seja, total de 270 dias. Passamos 2016 e 2017 estudando tudo isso, com audiência pública e agora vamos gastar mais esse ano inteiro para ver o que vai acontecer com o setor elétrico. Eu não sei se precisaria tanto ou então o problema não é tão grave como a gente imagina. É muito tempo para continuar estudando, estudando…”, disparou o executivo e ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Santana palestrou sobre as condições do mercado de energia brasileiro em São Paulo. O evento foi promovida pela Unica (União da Agroindústria Canavieira) com o apoio da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), da Associação Brasileira do Biogás e do Biometano (Abiogás) e da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel).

“O problema é que o setor elétrico esta uma bagunça desde 2015 por causa do GSF”, disse o gerente de bioeletricidade da Unica, Zilmar de Souza, ao justificar os motivos porque as usina de biomassa não entregam mais energia para o Sistema Elétrico Nacional (SIN). Segundo ele, o setor poderia entregar 30% do que vem entregando, mas a judicialização do mercado de curto prazo inibe os geradores de vender energia sob o risco de ficarem sem receber.

No evento, a Electra e o BTG Pactual receberam o Selo Energia Verde do programa de certificação da bioeletricidade da Unica/CCEE/Abraceel. De acordo com Zilmar, hoje existem 67 usinas certificas e quatro comercializadoras. O Selo Verde para comercializadoras foi uma das novidades de 2019 do programa. Para receber o selo, os agentes precisam atender aos requisitos de sustentabilidade e eficiência energética. O selo certifica que o agente produz, consome ou comercializa energia renovável e limpa.