Rede pode suportar até 20% de GD, aponta CPFL

Companhia estudou o impacto da microgeração solar nas redes elétricas de baixa tensão

A CPFL Energia concluiu o projeto de pesquisa e desenvolvimento Telhados Solares, que estudou o impacto da microgeração solar nas redes elétricas de baixa tensão. A partir dos hábitos de consumo dos clientes participantes do projeto e da energia gerada, foi possível verificar que as redes de distribuição estão preparadas para suportar uma penetração de até 20% de microgeração solar, garante Renato Povia, gerente de inovação da CPFL Energia.

A empresa investiu R$ 14,8 milhões, recursos oriundos do Programa de P&D da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Foram instalados sistemas fotovoltaicos em 231 residências e comércios em Barão Geraldo, na cidade de Campinas, no interior de São Paulo, área de concessão da CPFL Paulista. Em um ano, os 850 kV de capacidade instalada produziram 1 GWh, o que representa aproximadamente 73% do consumo das unidades participantes.

De acordo com Povia, no curto prazo as redes elétricas estão prontas para absorver a geração distribuída. No longo prazo, porém, o uso massivo dessa tecnologia deverá exigir investimentos na rede de distribuição, daí a necessidade de preparar a regulação para atender a essa nova demanda sem provocar um desequilíbrio na concessão.

“No curto prazo a gente consegue atender a essa demanda, mas no longo prazo, com o aumento do número de novas conexões, exigirá uma preparação dos nossos processos internos, tanto para liberar essas novas conexões quanto para fazer estudos de reforços de rede”, disse o especialista.

O estudo também identificou outro dado importante. Segundo Povia, foi comprovado que a geração distribuída contribui para a redução das perdas totais de energia. A perda é a energia que foi distribuída, mas não foi faturada, ou por furto de energia, ou por uma dispersão natural decorrente do transporte da carga elétrica. Essa redução acontece porque tem menos energia sendo transportada na rede. Porém, em alguns casos, pode ocorrer o aumento das perdas, em função da metodologia utilizada atualmente pela Aneel no cálculo das perdas.

“É uma contribuição importante que a gente está colocando dentro do projeto, porque tem um lado regulatório importante para que essas tecnologias sejam colocadas na rede sem provocar desequilíbrio na forma como a distribuidora é recompensada”, pontuou o executivo.

Outro resultado relevante do projeto foi a aceitação dos consumidores em relação ao uso da geração distribuída, seja pelo aspecto da economia de energia, seja pelo aspecto da contribuição ambiental.

O projeto Telhados Solares está perto de completar 4 anos. Os sistemas fotovoltaicos estão instalados há pouco mais de um ano. A previsão é que o P&D seja encerrado em dezembro. O destino dos sistemas solares ainda está sendo estudado pela empresa.