Brasil e Alemanha iniciam novo intercâmbio sobre renováveis

Troca de informações vai envolver operação de sistemas e estudos para aumento de fontes alternativas na matriz nacional.

Realizado no final de abril, encontro oficial entre representantes governamentais da área de energia do Brasil e da Alemanha, com participação da iniciativa privada, resultou em acordo para a formação de um grupo de trabalho. Uma equipe de alto nível, composta por técnicos do Bundesministerium für Wirtschaft und Energie (Ministério da Economia e Energia), do Ministério de Minas e Energia e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vai ficar focada em temas ligados ao fomento de fontes renováveis no Brasil e ao aprimoramento da gestão do Sistema Interligado Nacional (SIN) num cenário de forte incremento de modalidades de geração intermitente.

“O principal interesse do presidente da EPE, Luiz Augusto Barroso, é entender como os alemães conseguem operar o sistema elétrico do país, que tem 80 GW de capacidade instalada em produção solar e eólica. Sendo que em alguns finais de semana, com baixa carga, muito sol e vento eles conseguem um fornecimento 100% renovável”, conta o presidente-executivo da Cogen, Newton Duarte, que fez parte da comitiva do MME na reunião com autoridades do país europeu, juntamente com executivos da Abraceel e Abragel.

A distribuição regional das usinas na Alemanha, segundo Duarte, concentra as eólicas – incluindo unidades offshore – ao Norte, produção de biomassa no Centro e solar no Sul. Para interligar esses clusters está havendo um pesado investimento em linhas de transmissão, mas por razões ambientais, com instalação de cabos totalmente subterrânea.

As despesas para essa verdadeira revolução no sistema de energia da Alemanha – conhecida lá como Energie Wende – já custou € 150 bilhões, incluindo todas as providências necessárias para desativação de usinas nucleares, diz Duarte. Uma transformação que não tem agradado toda a população que hoje arca com custos bem elevados da eletricidade residencial, da ordem de €20c/kWh (centavos de Euro por kWh), enquanto a indústria arca com €14c/kWh e os usuários eletrointensivos, €4,5c/kWh.

Em relação ao sistema brasileiro, o presidente-executivo da Cogen entende que a forma mais indicada de solucionar a questão do equilíbrio no SIN, ante a presença crescente de geração renovável, é “firmar energia”. Ou seja, para cada montante de alternativas adicionado ao sistema, é preciso, concomitantemente ter em contrapartida o equivalente de geração térmica e hidráulica.

Fonte: Brasil Energia - 15/05/2017