EPE admite mais térmicas no PDE 2022
Segundo Tolmasquim, eventual expansão de térmicas a gás está ligada a maior oferta de gás não convencional
O presidente da empresa de Pesquisa Energética, Mauricio Tolmasquim, admitiu nesta segunda-feira, 28 de janeiro, que no próximo Plano Decenal de Energia 2022 a fonte térmica seja contemplada com uma maior participação no sistema. No PDE 2021, a fonte praticamente não é relacionada. De acordo com ele, a segurança do sistema nesse caso deverá se sobrepor a modicidade tarifária e ao preço do insumo. "Em 2022 prevemos um pouco mais de térmicas. Tem uma hora que tem a questão da segurança. Mesmo que seja um pouco mais caro, acaba tendo que botar. Como o país vai crescendo, tem que ir aumentado mesmo que seja para manter a mesma proporção'' afirma Tolmasquim, que esteve presente ao Energen Latam, realizado no Rio de Janeiro.
Tolmasquim também admitiu que caso haja a necessidade, poderá ocorrer leilão por fonte ou submercado, o que viabilizaria térmicas afastadas dos leilões convencionais, como a biomassa. "Estamos conversando, mas não existe nenhuma decisão de leilão por fonte. Se for necessário podemos fazer regional ou por fonte, mas não temos decisão de fazer nada disso", afirma. Anteriormente, a EPE alegava que tais leilões só se justificariam para incremento de alguma fonte ou segurança energética em determinada região.
Ele também alertou que uma eventual expansão de térmicas na base estaria ligada a uma descoberta de gás não convencional ou de alguma equação que deixe o Gás Natural Liquefeito mais barato. Com a variação do preço do GNL, o preço do insumo fica mais caro, o que acontece no momento.
Ainda de acordo com Tolmasquim, um eventual aumento expressivo de usinas térmicas na base no momento não é o ideal, já que por conta do grande número de usinas a fio d’água que entrarão no sistema, poderá acontecer que essas hidrelétricas comecem a verter água no período em que estiverem com uma hidrologia boa. "Pode ter um pouco mais na base, mas com térmicas ligadas direto pode perder isso", comenta. Ele também revelou que devido a sua natureza, essas usinas a fio d'água farão com que se aumente o número de térmicas no back up do sistema.
Quanto a atual situação de abastecimento ocasionada pela baixa nos reservatórios, o presidente da EPE mostrou satisfação, já que todo o planejamento para a situação foi cumprido, aliado a capacidade de instalação, o intercâmbio entre as regiões e a mudança na matriz elétrica. "Tudo funcionou como tinha que funcionar. Deu satisfação ver que tudo que foi planejado em um momento de hidrologia pior funcionou", comenta.
(Pedro Aurélio Teixeira)