ACL pode atingir até 40% dos consumidores que ainda não migraram, segundo Abraceel

De acordo com presidente executivo da associação, abertura do mercado para essa categoria poderia ocorrer em um prazo de até dois anos

DA AGÊNCIA CANALENERGIA COMPARTILHAR

O mercado livre tem o potencial para atingir 40% dos consumidores que ainda não migraram do mercado cativo, mas essa parcela pode chegar a 46% se incluir o chamado Grupo A, atendido pelo mercado cativo, e a abertura poderia ocorrer em um prazo de até 24 meses, de acordo com o presidente executivo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia, Rodrigo Ferreira, em webinar promovido pela Cogen e pela Unica, no último dia 10 de fevereiro.

De acordo com Ferreira, incluir o Grupo A significa a parcela de micro e pequenos empresários que foram responsáveis por 71% dos empregos durante a pandemia. O presidente executivo da Abraceel disse ainda que o fato de os pequenos negócios ainda estarem obrigados a consumir energia no mercado cativo deixa estes empreendedores expostos a possíveis aumento da tarifa, como o ocorrido no ano passado de 21%. Para ele, abrir o mercado livre para esse Grupo A seria vital, já que o que eles economizariam na energia paga poderia ser revertido em investimentos.

De acordo com o executivo, este cálculo ainda não leva em conta os consumidores de baixa tensão, incluindo os consumidores residenciais – estes representam um contingente de 84 milhões de unidades consumidoras. Ferreira pontuou que atualmente, apenas 0,029% das unidades consumidoras no Brasil possuem capacidade de escolher seu fornecedor de energia elétrica. Uma saída para ampliar esse acesso seria a aprovação da portabilidade na conta de luz, listada como uma prioridade do governo na agenda apresentada ao Congresso Nacional.

Diante desse cenário, o executivo adiantou que o ano de 2022 pode representar um passo significativo para a abertura do mercado. Existem dois projetos de lei no Congresso que tratam da abertura do mercado, como o Projeto de Lei 414, de 2021; e o PL 1.917, de 2015. A Abraceel propôs uma nova portaria: permitir a abertura para todos os clientes de alta tensão a partir de janeiro de 2024 e toda a baixa tensão a partir de janeiro de 2026. Ferreira explicou que, apesar de existirem projetos de lei que tratam da abertura do mercado, o cronograma dessa questão pode ser viabilizado por medidas infralegais. Uma saída seria por meio de uma portaria do Ministério de Minas e Energia, uma vez que há base na Lei nº 9.074, de 1995, que permite ao ministério tomar tais medidas.

Estudos na Agência Nacional de Energia Elétrica e na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica sobre o tema. Inclusive, o estudo da agência reguladora elencou 14 pontos de foco regulatório que estão muito bem mapeados pela associação e não representam óbices relevantes para a abertura. Para Zilmar de Souza, gerente de bioeletricidade da Única, a abertura de mercado é fundamental. De acordo com ele, trata-se de um tema que interessa ao consumo que vai desde o gerador até o consumidor final.

A segurança de mercado foi um tema que não ficou de fora. A Abraceel apresentou junto à CCEE para um monitoramento da alavancagem dos agentes. A proposta representa o início de uma série de medidas que têm como objetivo enfrentar a capacidade de exposição que cada agente pode ter. A entidade também finaliza outra proposta que diz respeito às garantias financeiras. O volume de estudos ajudará a compreender qual é a situação de exposição dos players. Para Newton Duarte, presidente da Cogen, o mercado livre é fundamental para a cogeração de energia. Segundo ele, dois terços do que o setor produz são destinados ao ACL e a segurança é importante, porque diz respeito às condições que as empresas têm de lidar com valores mais altos.