Eficiência energética pode chegar a 20% no setor industrial, avalia Prosumir

Percentual pode ser alcançado com adoção de conjunto de soluções que ajudem a reduzir ônus no consumo, com base na chamada Indústria 4.0

 

Por Fabio Couto    Publicado em 4/05/2021

 

As indústrias podem economizar até 20% nos custos da energia caso decidam investir em um conjunto de soluções de eficiência energética que incluam novas tecnologias e inovações, avalia Julio Vieira, diretor da Prosumir, empresa especializada em soluções energéticas. Para o executivo, o percentual pode ser alcançado caso as indústrias optem por um pacote combinado que ajudem a tornar o consumo menor oneroso.

A eficiência energética, salientou, é uma tendência cada vez mais cristalizada nos próximos anos, graças às demandas ambientais e ao surgimento de novas tecnologias que possibilitem às empresas obter o máximo possível da energia.

Vieira, que participou na última quinta-feira (29/04) do webinar realizado pela Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen) e pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), esse patamar de aproveitamento pode ser alcançado com medidas que envolvam captação de dados e de desperdícios de processos e que estão sendo impulsionadas pela chamada Indústria 4.0, possibilitando a simulação em tempo real de processos (RTO) e Digital Twin entre outras soluções de tecnologia.

Esse conhecimento, destacou, permite facilitar a tomada de decisões para uso de novas tecnologias, como a turbina redutora de pressão (RTP), para a substituição de válvulas redutoras de pressão, geração de vapor e água quente com uso de energia solar ou troca de isolamento térmico, entre outras medidas.

A tendência, destacou Vieira, é que surjam projetos de eficiência que custem menos, por exemplo, do que a construção de uma termelétrica. “Independentemente dos incentivos, o mundo está observando mais esta questão. E a parte financeira tem sido cada vez mais atrativa”, comentou.

Chuvas em baixa

No webinar, a planejadora de Energia no Ambiente Livre da CPFL Energia, Mônica Zambelli, disse que o submercado Sudeste/Centro-Oeste é o que mais preocupa entre os demais, diante do baixo nível de armazenamento dos reservatórios.

A especialista ressaltou que abril pode ser considerado o pior mês em hidrologia da série histórica, em 90 anos. “O ano começou bem, mas depois começamos a vir em uma trajetória de queda. O SE/CO é o que mais preocupa porque temos o menor nível de armazenamento dos últimos 20 anos”, disse Mônica.

A Energia Natural Afluente (ENA) do submercado chegou a 63% em abril, com armazenamento de 35,3%, resultando num Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) mais elevado, na casa dos R$ 133/MWh. Além disso, é o único submercado com reservatórios abaixo de 50%.

Para o presidente da Cogen, Newton Duarte, as dificuldades hidrológicas precisam ser tratadas

com a devida atenção pelo governo. “Temos 70% de armazenamento nacional que está abalado”, disse Duarte.

Térmicas e eólicas contribuíram para mitigar o baixo armazenamento, na avaliação da especialista da CPFL Energia. O gerente de bioeletricidade da Unica, Zilmar de Souza, ressaltou que a biomassa gerou 22 TWh para a rede em 2020, contribuindo para o sistema em momentos críticos. “Isso significa poupar 15% da água dos reservatórios do SE/CO”, disse Souza.