Para que essas mudanças nos modelos ocorram, seria necessária uma mobilização do setor elétrico, afirma Luiz Carlos Ciocchi
Por Fabio Couto Publicado em 3/01/2022 - Brasil Energia
Os modelos matemáticos responsáveis pelo cálculo do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) e do Custo Marginal de Operação (CMO) vão precisar passar por revisões para que voltem a refletir a realidade da matriz energética brasileira, o que já não acontece mais atualmente, de acordo com o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocci.
Segundo o executivo, os modelos foram elaborados numa época que a geração hidrelétrica correspondia a 95% da produção nacional de eletricidade. Posteriormente, com a entrada de outras fontes, os modelos deixaram de atender ao mercado brasileiro.
Em meio a discussões sobre o sinal de preço para o mercado, exemplificado pelo patamar do PLD frente ao nível de armazenamento dos reservatórios e o nível de despacho hídrico, o governo elevou a governança do comitê que trata de modelos matemáticos voltados para esta finalidade.
Em paralelo, a CCEE e o ONS ampliaram os grupos de trabalho que integram um comitê técnico criado para aprimorar dados de entrada e modelos satélites utilizados no Programa Mensal de Operação Energética (PMO), na Programação Diária e no cálculo do preço de curto prazo.
Para que essas mudanças nos modelos matemáticos ocorram, disse o executivo, seria necessária uma mobilização do setor elétrico nesta direção. “A dissonância do PLD com o CMO mostra que este modelo não atende mais às necessidades do mercado brasileiro”, disse Ciocchi em reunião promovida pela Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen) com seus associados.
A afirmação é mais uma feita por autoridade do setor elétrico. Rui Altieri, presidente do conselho de administração da CCEE, também já comentou a respeito – o próprio MME já tem essa visão da necessidade de avançar nesse tema.
Na avaliação do diretor-geral do ONS, o próximo ano promete ser mais tranquilo do ponto de vista do fornecimento energético, com entrada em operação de novos empreendimentos de geração em 2022 (10 GW) e de transmissão (16 mil km de linhas). De acordo com ele, no auge da crise de energia, chegou-se a despachar algo em torno de 19 GW em termelétricas.
Agora, com o período úmido, a previsão do ONS é de despachar 12 GW e, posteriormente, um volume menor à medida que o regime de chuvas melhore.